sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Um pouco mais sobre entomologia forense..

Que técnicas são utilizadas para a determinação do tempo desde a morte até ao encontro do cadáver?


Existem dois métodos para a determinação do tempo desde a morte até ao encontro do cadáver:
· Sucessão entomológica;
· Idade e o desenvolvimento das larvas.

O primeiro, é usado quando a morte foi há mais ou há cerca de um mês. É necessário um conhecimento avançado acerca do desenvolvimento dos insectos. É necessário saber os seus ciclos e quando aparece cada insecto.

O segundo método, é utilizado quando o intervalo entre a descoberta do corpo e a morte é menor que um mês. São estudadas as primeiras espécies que chegam ao local, as varejeiras (que deixam ovos que depois se desenvolvem). É necessário o conhecimento do ciclo dos insectos para o sucesso deste método.




Relação com outras áreas


A entomologia forense está relacionada com outras ciências, mas principalmente com a:

· Toxicologia – Relacionado com o modo da morte (condiciona o desenvolvimento de certos insectos);
· Antropologia – As duas ciências actuam eficazmente unidas, quando o tempo entre a morte e o encontro do corpo é bastante grande;
· Medicina-legal – quando os insectos são encontrados no cadáver e estão directamente relacionados com o crime, como por exemplo, de assassinato, violação ou suicídio (entomologia médico-legal).

Fontes: Revista Nacional Geographic - setembro 2007 "A Ciência do crime"

http://www.pericias-forenses.com.br/entomo.htm


(Ana Esteves)

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

O que é necessário para haver sucesso no uso desta área?

O estabelecimento de relógios biológicos é fundamental. Para o sucesso desta área é necessário:

· estudar os insectos que colonizam o cadáver nos seus diferentes estados de desenvolvimento (ovos, larvas, pupas e adultos);
· saber qual o seu padrão de sucessão, ou seja, em que fase da decomposição as diferentes espécies aparecem no corpo;
· Saber quanto tempo estes insectos permanecem no cadáver;
· Saber quais as espécies dominantes em cada época do ano (acompanhando também os seus ciclos de vida).

Para o estudo desta ciência são geralmente utilizados animais de grande porte, como o leitão, já que é a espécie mais semelhante ao ser humano, ao nível do padrão de decomposição.
Para se responder à questão: “quando se deu a morte” os peritos têm de avaliar a evolução da rigidez cadavérica, resfriamento do corpo, depósitos de matéria orgânica provenientes do corpo e a evolução das fases de decomposição da fauna cadavérica. Com o auxílio desta área, o cálculo do valor do IPM (intervalo post mortem) é mais fácil já que, quanto maior o intervalo, mais segura é a estimativa, ao contrário dos outros métodos. Assim, todos os factos referidos anteriormente são essenciais para determinar o IPM.

Segue-se um vídeo, onde se mostra a decomposição de um leitão. Recomenda-se às pessoas mais sensíveis que não visionem o seguinte filme:






Fontes: Revista Nacional Geographic - setembro 2007 "A Ciência do crime"
(Ana Esteves)

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Resultado da sondagem...

Existem quatro estados de desenvolvimento das moscas:

· Ovos São minúsculos. Normalmente apresentam-se como aglomerações numa ferida ou orifício natural;

· Larvas Forma de um animal em desenvolvimento (ou seja, que ainda não atingiu a maturação sexual), diferente do estado adulto;

· Pupas – É o estado intermédio entre a larva e o estado adulto;

· Adultos – São aqueles que atingiram a capacidade reprodutiva (ao nível da entomologia, o menos importante).


A pergunta da primeira sondagem relacionada com assuntos importantes para a entomologia forense foi: “Qual o segundo estado de desenvolvimento dos insectos que aparecem no cadáver?”. Os resultados obtidos no final da sondagem foram:

· Larvas - 18 votos;
· Pupas - 19 votos;
· Adultos - 2 votos;
· Ovos - 1 votos.

Podemos assim concluir que os nossos leitores estavam entre duas das opções colocadas. A resposta correcta era larvas, que por um voto não empatou com a opção mais votada, pupas . Esperamos que continuem a participar nas nossas sondagens e a mostrar a vossa sabedoria!


(Ana Esteves)

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Entomologia forense

O que é?

Entomologia provém de dois radicais gregos entomon e logia, cujo significado é insecto e estudo respectivamente. Assim, entomologia é a ciência que estuda os insectos.


Então, o que é afinal a entomologia forense?

Entomologia forense é a ciência que, partindo dos insectos colonizadores do cadáver, permite identificar as causas da morte de seres humanos. É utilizada com tempo de morte superior a 3 dias, visto haver outros métodos igualmente eficazes quando o intervalo é mais curto. Após três dias, as evidências fornecidas pelos insectos são frequentemente mais valiosas, e às vezes, o único método de se determinar o IPM (intervalo post mortem).


Algumas aplicações...

Esta área da ciência forense tem diversas aplicações, apesar de não ser uma área muito utilizada. Ela serve para:

· Saber o local da morte – É possível verificar o local onde a morte ocorreu através da distribuição geográfica, habitat natural e biologia das espécies recolhidas na cena da morte.

· Se chegar ao modo da morte – Existem drogas e produtos tóxicos presentes nos corpos que afectam a velocidade do desenvolvimento de insectos necrófagos. Alguns afectam o desenvolvimento das larvas e decomposição do corpo, outras impedem a colonização do cadáver por certos insectos necrófagos.

· Calcular o IPM.

· Saber se houve utilização de drogas – é possível identificar a origem de algum tipo de droga com base na identificação dos insectos acompanhantes da droga, que no momento da prensagem do vegetal ficaram lá retidos, traçando a rota do tráfico através da distribuição geográfica dos mesmos.

· Saber se houve maus tratos – é possível determinar o número de dias durante os quais o bebé foi privado de cuidados de higiene, baseando-se na determinação da idade das larvas de moscas encontradas nas camas.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Este mês ...

Durante este mês, vamos falar de uma área da ciência forense muito pouco conhecida em Portugal: a entomologia forense! Apesar de pouco conhecida, abrange muitas vertentes e pode ser o único método de determinar parâmetros essenciais no desenrolar de todas as investigações. Para além da entomologia forense vamos também falar de uma área vulgarmente utilizada no nosso país: a toxicologia forense. Esta aborda vários mistérios que geralmente não se pensa que existam. Aguardem os próximos posts e não se esqueçam de votar na nossa pergunta!



(Ana Esteves)

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Resumo do mês!

Durante este mês, o grupo BI126 esteve muito activo.

Uma das actividades desenvolvidas foi a preparação da visita a uma das escolas primárias do agrupamento da nossa escola, em que vamos realizar trabalhos laboratoriais com os alunos. Foi necessário testar todas as experiências, preparar cartazes, adequar o fundamento teórico à faixa etário dos alunos em questão... Seguem-se algumas imagens destas actividades:







Outra actividade realizada foi a visita à Polícia Judiciária ao Porto. Nesta actividade investimos alguns dos fundos angariados aquando da procura de patrocínios!


Antes da visita, houve uma preparação prévia das questões que gostariamos de colocar. Depois, no dia da visita, após uma visita guiada à Casa da Música e um belíssimo almoço na Ribeira, dirigimo-nos ao local pretendido onde tivemos a oportunidade de conversar com uma perita e esclarecer todas as nossas dúvidas. Para além disso, tivemos o prazer de conhecer alunos de outras partes da zona norte do país que, por coincidência estão a desenvolver o mesmo tema que nós.

Seguem-se algumas fotografias da visita. Infelizmente não era permitido a captação de imagens no interior do edifício da polícia, portanto ficamo-nos apenas por uma imagem do nosso grupo em frente à Casa da Música, outra no exterior da PJ e uma última das raparigas da nossa turma (todos nos acompanharam) nas ruas da cidade.

(Vera Gonçalves)

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Resultado da sondagem!

É agora hora de revelar o resultado da última sondagem que incidiu directamente na medicina legal! E a questão que desta vez foi proposta foi : "Qual o método mais utilizado actualmente para determinar a hora da morte? " Desta vez foram 15 as pessoas que resolveram responder à questão e a distribuição das opiniões é a seguinte:


- microscopia electrónica - 1 voto

- determinar temperatura do corpo - 4 votos

- alterações das estruturas das células, tecidos ou orgãos - 8 votos

- nenhuma das anteriores serve para determinar a hora da morte - 2 votos

Desta vez, quem respondeu "determinar a temperatura do corpo" acertou na resposta à questão. Esta é uma técnica que apesar de não ser absolutamente exacta é simples e fácil de executar sendo a mais utilizada pelo médico legista. Quando se revela importante, ele pode optar por outras para que tal facto seja determinado com maior precisão, mas normalmente esta é suficiente.


Continuem a votar na nova questão que já está disponível!!!

A Cura Fatal - 5ª Parte

As investigações não cessam e a curiosidade em resolver este crime aumenta a cada indício, a cada pista. Desta vez é a medicina legal que vai dar o seu contributo!

Após ter visitado o local do crime com o criminalista e ter confirmado a morte da vítima, segue-se o trabalho na morgue. A autópsia é o passo que se segue! Primeiro o exame externo e só depois o interno!

O cadáver está num estado de rigidez muscular universal e apresenta lesões recentes na zona lombar e no couro cabeludo. Isto indica que ele foi atacado de surpresa pelas costas. Diria mesmo que talvez fosse agredido com um bastão. Isto talvez o deixasse inconsciente, mas não foi concerteza o que o matou. Os joelhos encontram-se também eles vermelhos, como se ele se tivesse arrastado. Há ainda vestígios de sémen, o que indica que ele teve uma relação sexual recente. Não existem mais aspectos anormais a apontar na parte externa do corpo, para além de habituais fenómenos post-mortem.

Inicia-se então o exame interno! A temperatura do seu fígado indica que ele deve ter morrido pelas 17h 00m daquele dia fatal. Todos os órgãos apresentavam uma morfologia dentro dos parâmetros da normalidade o que leva a crer que a causa da morte é uma paragem cardíaca. Com certeza, a vítima foi envenenada. No entanto, só com o parecer do toxicologista é que podemos indicar o veneno.

Entretanto está em curso o estudo dos suspeitos para tentarmos encontrar o criminoso.
Não percam o próximo passo!!!!!





domingo, 10 de fevereiro de 2008

Para finalizar...

Em Portugal…

Em Portugal, a medicina legal é fortemente utilizada na investigação criminal. Este facto não é novidade pois, a medicina legal é quase uma base para o desenrolar da actividade pericial pelo que, a sua não utilização seria impossível.

No nosso país, o organismo responsável pela prática da medicina forense é o Instituto Nacional de Medicina Legal. Este conta com três delegações:

- delegação do Norte – localiza-se no Porto (imagem ao lado do antigo iml do Porto)

- delegação do Centro – localiza-se em Coimbra

- delegação do Sul - localiza-se em Lisboa

A sua sede é a delegação de Coimbra. Nestas delegações realizam-se todas as actividades anteriormente referidas sobre a medicina legal. Mas, uma vez que ela se relaciona com outras áreas, existem ainda outros serviços.

Para além disto, existem ainda gabinetes médico-legais espalhados por várias cidades do país em que se realizam procedimentos mais comuns como a autópsia ou actividades de clínica médico-legal.

Sabias que…

…alguns estudiosos acreditam que o termo “cesariana” se deve ao facto do imperador Júlio César poder ter nascido a partir de uma histerectomia realizada durante o exame tanatológico da sua mãe (este era um procedimento obrigatório na Roma Antiga quando uma mulher grávida morria).

… em Portugal é obrigatório o médico legista ir ao local do crime. No entanto, isto não acontece em todos os países.

… o médico legista pode decidir a culpa ou inocência de um suspeito com os seus relatórios.
(Vera Gonçalves)

Resultado da sondagem!

Na terceira questão no âmbito da medicina legal, a pergunta sobre a qual 17 pessoas reflectiram foi: " Qual a importância de o médico legista se deslocar ao local do crime em caso de morte?".

Os resultados obtidos foram:

-confirmar a morte - 4 votos

-indicar como deve o cadáver ser transportado - 3 votos

-determinar a urgência de autópsia - 2 votos

-o estudo do cadáver em relação ao local - 8 votos

Desta vez apenas 4 votantes responderam correctamente, sendo que a resposta à questão é a primeira opção. É verdade! Pode parecer-vos estranho mas, durante esta semana, em conversa com uma perita da Polícia Judiciária chegamos à conclusão de que o médico legista se desloca ao local do crime pois só ele pode passar a certidão de óbito, para que o cadáver possa ser transportado.


Votem na pergunta desta semana que já está disponível!!!!!

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Um pouco mais sobre a medicina legal...


Relação com outras áreas


Como já devem estar mais que conscientes, a medicina legal não age sozinha. Ela relaciona-se com muitas outras áreas para chegar a certas conclusões. É através de uma grande teia de conhecimentos que o médico legista consegue realizar o seu trabalho.
Seguem-se alguns exemplos dessas áreas que apoiam a medicina legal:

- antropologia forense – contribui com o estudo da identidade e identificação.

- traumatologia forense - inclui o estudo das lesões e suas causas.

- sexologia forense – auxilia a medicina legal quando esta se depara com crimes sexuais.

- toxicologia forense – cabe-lhe a análise de substâncias venenosas e tóxicas e seus efeitos no organismo.

- asfixiologia forense – entra em acção quando a vítima foi asfixiada.


Muitas mais poderiam ser mencionadas. No entanto, pelo facto de serem tão numerosas decidimos citar apenas estas.


Um pouco de história

Temos estado a falar de medicina legal ao longo deste mês e ainda não respondemos a uma questão muito importante que provavelmente já vos deve ter surgido: Como surgiu a medicina legal? Como foi evoluindo ao longo da história?


Pois bem, a medicina legal já existia na Antiguidade Clássica, chegando a Roma já com grandes avanços. No entanto, na Idade Média, devido á mentalidade vigente na época ela foi um pouco esquecida, sendo apenas retomada no Renascimento.
Mas, apesar de tudo isto, considera-se que é na Alemanha que a medicina legal ganha verdadeira força com a aprovação de leis que tornam obrigatória a perícia em caso de homicídios, ferimentos…


As técnicas utilizadas têm vindo a evoluir até hoje e espera-se que assim continue!


Não percam a próxima publicação sobre a actuação da medicina legal em Portugal.


(Vera Gonçalves)

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Tanatologia Forense - metodologias

A Tanatologia Forense é a componente da medicina legal que está ligada aos fenómenos da morte (os leitores mais atentos já devem saber), interessando-lhe o estudo minucioso do cadáver. Como tal, a principal técnica utilizada nesta área é, nada mais nada menos que a autópsia médico-legal (aquela que é realizada sempre que haja uma morte violenta pois, se a morte for natural já se denomina autópsia anatomo-clínica).

A autópsia médico-legal tem como objectivos estabelecer:

- a indentificação do cadáver;

- o mecanismo da morte;

- a causa da morte;

Pode considerar-se que ela compreende duas fases: exame externo e exame interno.



Exame externo:

No exame externo o médico legista analisa vestígios como equimoses, queimaduras, cortes…

Ele concentra-se essencialmente nas seguintes regiões: cabeça, pescoço, tórax, abdómen, região dorso-lombar, região perineal e membros.

É nesta fase que o técnico se depara com os fenómenos post-mortem que variam consoante o estado do cadáver. Estes podem ser divididos em dois grandes grupos: abióticos e transformativos. Os abióticos estão relacionados com os fenómenos mais recentes em que não existem alterações significativas do cadáver. São exemplos: ausência de circulação, dilatação pupilar, arrefecimento do corpo. Já os transformativos, tal como o nome indica são precisamente aqueles em que o cadáver começa a sofrer alterações, como putrefacção, mumificação, corificação. De entre vários, apresentamos alguns destes fenómenos:











Três fenómenos abióticos: rigidez cadavérico, hipóstases e um fenómeno ocular, a midríase.


Exame interno:

O exame interno compreende a abertura da caixa craniana, da caixa torácica, da cavidade abdominal e, por vezes a abertura do ráquis ou exploração de qualquer outro segmento corporal que seja importante para o esclarecimento dos objectivos da
autópsia.


Estes procedimentos têm em vista a observação directa dos órgãos e sistemas para que se possam registar as suas alterações morfológicas, patológicas ou traumáticas, sendo estes muitas vezes retirados para serem vistos individualmente.

Pode ser necessário a recolha de fluidos corporais ou vísceras e seus conteúdos para exames complementares.

Por fim, os órgãos são novamente introduzidos e as incisões encerradas para que o cadáver fique no melhor estado possível para ser entregue à família (caso haja esta possibilidade).

Segue-se um vídeo que demonstra esta parte da autópsia. Caso o leitor seja uma pessoa sensível recomendamos a não visualização do mesmo, pois pode ferir susceptibilidades.


Tal como já foi perceptível, o médico recorre por vezes a outros especialistas para a realização de exames, tais como: toxicológicos, histológicos, bioquímicos….

Não percam a próxima publicação em que falaremos da relação da medicina legal com outras áreas e um pouco da sua história.




(Vera Gonçalves)

Resultado da Sondagem!

A segunda pergunta alusiva à medicina legal foi: "A maceração da pele de um cadáver (amolecimento dos tecidos e orgãos tornando a pele esbranquiçada e fria) indica que...". 20 pessoas aceitaram o desafio e responderam à questão. E os resultados foram:


- o cadáver esteve num ambiente frio - 6 votos

- o cadáver esteve submerso em água - 9 votos

- a morte foi instantânea - 2 votos

- a causa da morte foi envenenamento - 3 votos


A resposta correcta era a segunda opção, que foi também a mais votada. Quanto às outras opções, informamos que quando um cadáver está num ambiente frio, ele tam tendência a ficar também frio uma vez que entrará em equilíbrio térmico com o local em que está inserido. Relativamente à terceira opção, fiquem conscientes de que uma morte nunca é instantênea. Ela é uma espécie de processo de desmantelamento do organismo que pode ser rápido ou lento. Por fim, a verificação de que a causa da morte é envenenamento não se baseia apenas num sintoma, dependendo do veneno administrado.


Continuem a votar pois já está disponível uma nova pergunta!!!!